Começo
este desenhotexto como uma auto provocação
de me entender enquanto um jovem performer que procura se inscrever, escrever
sobre si – em mídias alternativas, formatos acadêmicos, formas de apresentação oral
e mil outras coisas que eu acho duvidoso. Talvez tudo o que você ouvir aqui,
ler, ‘’sistematizar’’, hipotetizar, partirá do pré suposto de uma senha. Sim, uma senha que te ‘’dará
acesso’’: espaço - a estes múltiplos caminhos que eu procuro, além de
encontrar, possibilitar jogo (s) e suas estratégias compartilhadas em público.
Vamos
lá. Vou confessar para vocês: eu não tenho ousadia para entrar de cabeça neste
retângulo branco. Para mim, é se assumir! Falar daquilo que eu gosto, pratico,
não pratico, odeio, me provoca, me instiga: causa preguiça. Não tenho o mínimo
controle. Pego o carro como quem não sabe dirigir e vou sofrendo ataques. Acredito
eu que, quando uma pessoa, você, eu, sua família, amigos etc – quem for, não
quer sair e voltar de uma viagem com lesões e/ou morte. Nesta viagem eu não vou
sozinho, chamo uma galera que eu gosto para pegar o rumo. Mas a certeza de
‘’chegar morto’’ é certo! Essas mortes se atualizam a cada vez que eu sento na cadeira,
pego o volante e chamo os ‘’parça’’. O convite para morrer, eu não os dou. Eu
às vezes esqueço que tem esta bendita de morte sagrada e vou pra cima, mesmo
sendo inexperiente no volante.
Me parece ainda interessante colocar
que para se realizar uma pesquisa acadêmica sendo artista, é fundamental se levar em consideração que a escrita de uma
dissertação ou tese deve se fazer ‘por meio do’ próprio trabalho e de suas
questões de interesse, não apenas ‘sobre’ o próprio trabalho, fazendo do texto
um puro exercício de ‘auto-crítica’ (MATTOS, 2013, p 180).
Esta
pesquisa parte da necessidade de experimentar, provocar registros de
performance em vídeo; o vídeo como performance para a pesquisa em arte – a
partir do, por abertura de outras complexidades em questão. Complexidades que a
escrita desta desempenha após a feitura: no tempo. Que escrita é esta? Como se
escreve uma pesquisa? Como não exercer práticas silenciadas na escrita? Sempre
o como, por onde, na qual, durante, nas incertezas, nas brechas, nas
vulnerabilidades, no meio, na fatura, na mistura, no descanso que se faz a
receita de conclusão de um processo? É para alguma coisa? Há conclusões possíveis ou
impossíveis do artista se inscrever academicamente? São alguns apontamentos que
eu procuro não encontrar respostas, mas a vontade de eu me reconhecer nela.
Eu,
me coloco em exaustão na vida. Eu, não me tenho totalmente na escrita pelo
medo, não pela ‘regra’ do esforço acadêmico, também me causa dor, mas esta não
é a principal. A incerteza é por onde partir a minha necessidade, que late em
mim, mas, sinto que tensões maiores me inibem. Não sei resolver muito bem.
Penso que esta causa-campo seja matéria
para eu me permitir, estrategicamente na escrita.
Uma
virada de chave, segundo Ostrower "a espontaneidade no ato de criação,
as sínteses e os momentos de insight são únicos", (Ostrower, 1998, p. 283).
Referências Bibliográficas
MATTOS, Daniela de Oliveira. Performance como texto, escrita como pele.
Tese de doutorado em psicologia clínica, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo – PUC / SP, 2013.
ALMEIDA, C.: Fayga Ostrower, uma vida aberta à sensibilidade e ao
intelecto. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 13, (suplemento), p.
269-89, outubro 2006.
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