Pular para o conteúdo principal


Penso no ensaio como processo escultórico. a música do momento, os ruídos, sujeiras visuais - estésicas; os objetos familiares, os cômodos, partes do meu corpo filmado, a forma como o corpo arquiteta o ambiente, esculpe um certo registro, fora, junto, dentro, nas bordas do corpo, por vias das entre lacunas, desvios de estruturas plásticas, sonoras, escritas, afetivas, doloridas, escondidas.  quando eu me possibilitei fazer meu corpo, eu estava ciente do medo, de fazer tudo nas pressas pra ninguém ver (e viu). 

Eu não somava aquilo que eu pegava para o processo ''filmado-performado'', nem minhas intensões eu articulava a anteriori. o espartilho e sutiã da minha mãe não solucionou o que eu deveria ou não usar; relações abertas dos pares em campo, em processo, desempenharam devolutivas domésticas do como partir, saltar do acontecimento não involuntário. no mesmo instante que eu queria resolver tudo, antes que minha mãe chegasse do trabalho, ouve escuta. eu esperei o ''tempo da situação''. permiti-me estar em processo. ''AI' o ''castelinho'' foi acontecendo (meu interno ''ta'' rindo). 

               

  

 Após você ter se acomodado em um local o mais favorável possível para concentrar sua mente em si mesma, tenha materiais escritos trazidos a você. Coloque-se em um estado mental o mais passivo e receptivo possível. Esqueça-se de seu gênio, seus talentos, e dos talentos de todos os outros. Continue a lembrar-se a si mesmo que a literatura é uma das estradas mais tristes que leva a tudo. Escreva rapidamente, sem nenhum assunto pré-concebido, rápido o suficiente para que você não se lembre do que está escrevendo e esteja tentado a reler o que escreveu. A primeira frase virá espontaneamente, tão arrebatadora é a verdade que com todo segundo que passe há uma frase desconhecida ao nosso consciente que está apenas gritando para ser ouvida... (BRETON in MELZER, 1994: 168).

                                        música de Tierry e performance e espaço.


Breton gritou bem forte. Senti real minhas super dificuldades, vulnerabilidades e isolamentos na leitura da citação. Às vezes eu escrevo o desconhecido, o ''não praticado''. eu uso o gravador de voz para capturar desejos, insight, coisas que me atualizam, coisas que eu nem sabia que existia.

 ''Escrevo coisas sem lógica'', desconexas, muitos erros ortográficos, de entonação, de gesto, de feitura, de performance. Na minha auto-inscrição eu me torno frágil, meu estado de presença se compromete a querer fugir; procrastino minha auto-defesa na escrita performativa. Eu chego a gravar áudio da minha escrita. me escuto. Tento abrir uma camada externa, crítica, de como anda esta encruzilhada em maturação. Fico, não fico, fico satisfeito. Esqueço. lembro que tenho data marcada. Droga. 

Me seguro às horas para a escrita. Me congelo, por parte, ao sentir à passagem primordial da tecelagem efêmera, digo esta construção da obra a primeira vista - ao existir - sem saber o que existe. (confuso)

Os caminhos vão se acentuando, o caldo vai ficando mais grossinho. vou ficando alegrinho. 

O ciclo se repete.

O repentino tem sido meu escape. Mas, até quando/quanto/onde (?) dura (dura ?) um processo etc (Basbaum) em arte? 

Referência Bibliográfica 
(como podemos pensar tais escrituras acadêmicas?)

FERNANDES, Ciane. Entre Escrita Performativa e Performance Escritiva: O Local da Pesquisa em Artes Cênicas com Encenação. http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/territorios/Ciane%20Fernandes%20-%20Entre%20Escrita%20Performativa%20e%20Performance%20Escritiva%20O%20Local%20da%20Pesquisa%20em%20Artes%20Cenicas%20com%20Encenacao.pdf.
 

Comentários